sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O Relógio - Toda Poesia

Se o tempo é uma grande convenção, o desejo é de que todos se permitam a escutar o seu próprio despertar - a cada instante. 

O vídeo faz parte de um projeto muito lindo, o Toda Poesia.




terça-feira, 4 de agosto de 2015



Detrás desse jardim secreto, 
ainda que eu fosse flor, 
talvez me fizesse borboleta 
até virar o passarinho do amigo Manoel.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

O relógio

Estava parado quando a conheci. Daqui do alto, nesse lugar sagrado, observava de longe  aquela  pressa que a movia, mas  não a deixava sair do lugar. Ainda pequena, ouviu dizer do mundo que tinha de correr. Não sabia pra onde e nunca parou para escutar. Passou a vida toda indo, poucas vezes foi. Ansiava tanto pelas chegadas que raramente reparava no caminho. Desatenta, cometia sempre os mesmos erros - e corria ainda mais para fugir deles! Os ponteiros ensinaram que o mais importante era seguir em frente. Ela só não percebia que, como eles, andava em círculos. De tanto girar, ficou tonta. Não resistiu aos vultos de suas próprias multidões. Agora era a vida que ventava sob seus olhos!  Com a vista embaçada, e sem conseguir abri-los direito, foi obrigada a olhar para dentro. Há tanto tempo não se via, que quase não se reconheceu. Teve medo de nunca se encontrar - e quem a esperaria? Mas lá no fundo, diante da eternidade, percebeu que o tempo nem existia. Não havia relógios para ditar a hora certa de crescer e seus aniversários já não a pressionavam tanto a sair do casulo. Só o amor a libertava da vida presa na ilusão. E era por meio dele que ela se descobria. A cada sentido resgatado, o vento ia diminuindo até virar brisa. Foi quando olhou aqui pra cima e reparou que eu ainda marcava a mesma hora desde que viu a sua vida passar. Não vamos falar em tempo perdido, até porque preso a números e ponteiros nunca ando para trás. Mas, deste dia em diante, ela nunca mais me trocou as pilhas. Passou anos alimentando ansiedades e expectativas e pela primeira vez teve o controle de suas vontades no coração.  Hoje, sabe que todo despertar vem de dentro e espera, pacientemente, que o mundo respeite o ritmo da sua caminhada. 

ET


Sabe moço, depois daquele clarão,

ninguém sabe como isso aconteceu, não.
 
Ele andava sumido, pensei até que tinha morrido.
  
Dizem por aí que ele colocou a alma pra fora.

Olha lá como ele tá agora, todo iluminado!

Parece até que ficou doido,

se veste todo dia de flor pra falar de amor.

Perdeu muitos amigos e a mãe, tadinha, quis internar.

É que a gente aqui na cidade  não se importa muito com isso, não.

Vez ou outra é que alguém aparece pra dar atenção.

Pobrezinho, não merecia isso.

Ele era um bom garoto, tinha toda uma vida pela frente.

Agora fica aí, com essa cara de bobo, 

dando bom dia pra beija-flor.

No fundo, a gente acha divertido.

Dá risada quando ele passa,

Chama pra iluminar quando falta luz...

Nunca vi reclamar de nada,

parece que voltou de outro planeta.

Mas aos  poucos o pessoal se acostuma.
 

Até minha filha, vê se pode,

disse pra mãe  que quando crescer quer brilhar igual a ele.

sábado, 28 de março de 2015

Está tudo tão vazio, que nem eu estou por aqui. Embora nunca tenha partido, me faço silêncio antes de voltar passarinho.








quinta-feira, 26 de março de 2015

quinta-feira, 12 de março de 2015

Cut-up de número 1

Fora do comum
era esperar
mais de alguns segundos
para esse absurdo
que é amar um outro ser. 


Abandonou o voto de castidade,
seduziu o arrependimento
e se despediu da culpa sendo Lori,
mulher inteira.

Alguma coisa coisa saberia ser! 


Às vezes, à noite,
acordava à soleira da porta
e sentava- se como uma vida nova 

 - A realidade parecia inacreditável.

Uma brisa de tranquilidade
secava as velhas lágrimas de cansaço,

ensinando a beleza de tudo o que existia.

Conseguiria, dessa vez, viver de PrimaVera?

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